Que os homens italianos são, ao menos, "um pouco abusivos", até García Márquez constata em seu conto "Dezessete Ingleses Envenenados".
Mas, na era Berlusconi, parece que esta característica foi potencializada.
Em reportagem de El País (jornal espanhol), intitulada, em sua versão traduzida pelo UOL, "A mulher italiana é refém da imagem frívola que seus líderes transmitem", o início já é estarrecedor:
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2011/01/26/a-mulher-italiana-e-refem-da-imagem-frivola-que-seus-lideres-transmitem.jhtm
"Sua filha é a nova namorada de Berlusconi?", pergunta o repórter a um senhor de meia-idade, ansioso por encontrar a misteriosa parceira que "Il Cavaliere" declarou ter, como prova de que não se deita com prostitutas menores de idade.
"Oxalá fosse", respondeu o homem. Uma garota de 20 e poucos anos e um homem de 74. Não é exatamente o que um pai sonharia para sua filha. Mas na Itália às vezes os desejos naturais - de que uma filha estude, encontre um bom trabalho, cresça saudável, se apaixone, seja feliz... - são distorcidos de forma perversa.
Em outro trecho:
"Talvez de forma menor, mas também em outros países, a publicidade transforma a mulher em produto. O problema é que na Itália a própria política é marketing. Não existe outro modelo, nem exterior nem de valores", considera Michela Marzano, professora de ética na Universidade René Descartes em Paris, autora de "Sii bella e stai zitta" (Seja bonita e cale-se). "A estética se moralizou: você constrói sua identidade e sua posição social sobre seu físico, pode vencer só se for atraente, se for um corpo mudo, complacente, que se amolda a supostas fantasias masculinas." E a política funciona como a televisão.
O estarrecedor é que a reportagem é rica em números que reafirmam as falas dos especialistas. Não é sensação. É fato.