Conheci uma pessoa que, aos 24 anos, nunca teve uma relação por mais de alguns meses. Busquei entender melhor as razões para isto. Algumas das coisas que ouvi foram:
"As pessoas tentam me mudar, e é isso o que acaba com a relação. Elas não querem você, querem que você seja aquilo que elas esperam." Depende da pessoa. Mas, especialmente, não dá para esconder em que partes da sua vida você está aberto a negociar mudanças e em que partes não está. Falar "não sou monogâmico", digamos, seria honesto e, estou certo, haveria quem aceitasse. Difícil é aceitar o que se considera traição. O que está previamente acertado não é traição.
"A verdade, a revelação integral do outro, acaba com a relação. Perde o aspecto da novidade." As pessoas estão sempre mudando. Para pior ou para melhor. Ou, simplesmente, para o diferente. Algumas mudanças são sutis demais; outras, drásticas. Também é assim com as pessoas: algumas mudam muito ao longo do tempo; outras, quase nada. O mistério sobre aspectos desconhecidos do outro só faz permitir que nós o idealizemos, e nisso está a suposta "fonte" da manutenção positiva da relação. Só que a idealização é uma mentira. Construída por nós e alimentada por aquele que se esconde.
Não é melhor deixar de idealizar, de esconder, de tentar mudar, e jogar limpo?
"Não", disse ela. "Eu já aprendi o que é melhor para mim, e do jeito que sou continuarei sendo", disse-me no dia anterior, dois dias antes de encerrar mais uma tentativa de relação estável.